sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Imprensa: «Buyology»

«Publicado em 2008, "Buyology" é um dos livros que tem influenciado o marketing nos últimos anos, colocando em causa muitas das convicções sobre o processo de tomada de decisão dos consumidores. Aliás, o principal objectivo desta obra é precisamente preencher as lacunas existentes na explicação do comportamento dos consumidores, utilizando o Neuromarketing.
O Neuromarketing é definido pelo autor como a conjugação de conhecimentos médicos, tecnológicos e de marketing, aos quais se acrescenta a possibilidade de analisar o cérebro de forma a compreender o que o estimula. Num mundo repleto de mensagens publicitárias de todo o tipo, com largo espectro de design de produtos e inúmeros contextos de decisão de compra, estudar a forma como o cérebro reage e escolhe - é essendial para os marketeers. Como é fácil de compreender trata-se de uma evolução na abordagem ao consumidor que tem o potencial de ser utilizado de forma nociva, o que acarreta uma responsabilidade ética. Porém, esta nova tecnologia pode ajudar a compreender como reagimos e decidimos, tornando o consumidor mais consciente e menos vulnerável às "armadilhas" das empresas, dos políticos ou de outras organizações.
Lindstrom realizou vários estudos ao longo de três anos, que envolveram cerca de 2000 pessoas e relata-os neste livro, que é muito divertido e informativo. Abordam-se experiências que medem reacções em relação a logotipos, odores, rituais, religiões e mensagens subliminares. Já se sabia que as marcas geravam emoções, mas ainda não tinha sido possível medir exactamente esse envolvimento. Destaca-se a importância da dopamina, dos neurónios-espelho e dos marcadores somáticos nas decisões de consumo, decisões essas que podem demorar apenas 2,5 segundos. E ficamos também a saber que os "focus gropus" e os estudos de mercado são praticamente inúteis e até mesmo perigosos.
"Buyology" é uma obra muito influenciada pelo trabalho de António Damásio e é recomendado por Seth Godin e Philip Kotler. A sua conclusão mais importante é que, como consumidores, não coincide o que dizemos com o que sentimos ou fazemos. Trata-se de um livro obrigatório que só peca por ser algo superficial na descrição que faz de parte dos estudos efectuados, pelo que algumas conclusões acabam por carecer de sustentação.»
Filipe Garcia, Jornal de Negócios

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